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DESMAME PRECOCE, ALTERAçãO NA FALA E ATé DIFICULDADE PARA BEIJAR ESTãO ENTRE AS CONSEQUêNCIAS DA LíNGUA PRESA
Primeiro surge a dificuldade para o recém-nascido sugar o peito ao mamar, depois aparecem limitações da fala, depois questões de relacionamento amoroso na adolescência com entraves para o beijo de língua, entre outros. Somado a isso, bulliyng e frustações tornam o dia a dia de quem tem o frênulo lingual alterado, popularmente conhecido como língua presa, um desafio diário.
No mês em que celebramos a importância do aleitamento materno, tão conectado com a questão da língua presa, a fonoaudióloga Irene Marchesan, criadora do protocolo de alteração do frênulo para adultos e crianças e incentivadora do protocolo de bebês que se tornou Lei Federal em 2014, reforça a necessidade de orientação aos pais e profissionais de saúde para a identificação precoce da língua presa já na maternidade, onde a condição pode ser tratada de forma definitiva.
Mas afinal, o que é a língua presa? “Trata-se de uma pequena membrana, abaixo da língua que quando alterada impede o livre movimento da língua para a realização de funções essenciais como sugar, falar, mastigar, deglutir e respirar. Sua ocorrência pode ser genética, sendo formada durante a gestação”, esclarece dra. Irene Marchesan.
A incidência de 20% de crianças que nascem com alteração no frênulo lingual, ou seja, 2 a cada 10 nascimentos, reforça a abrangência do tema e a atenção necessária aos seus desdobramentos, especialmente diante de uma situação tão simples de ser resolvida a partir da institucionalização do Teste da Linguinha, obrigatório em todas as maternidades do país. Através dele, qualquer profissional habilitado (odontologista, pediatra, fonoaudiólogo), pode realizar a avaliação no bebê logo após o nascimento.
Mas, e quando essa alteração não é identificada logo ao nascer? “Provavelmente esse bebê poderá ter dificuldade para mamar no peito e pensarão que o problema é com a mamãe, depois essa criança poderá ter dificuldade durante a aquisição dos sons que exigem a elevação da ponta da língua, como [l] e [r], na mastigação e na deglutição e, mesmo com essas dificuldades, os pais podem ser alertados somente na escola sobre as dificuldades da criança para falar e se sociabilizar” afirma a fonoaudióloga.
“Nos muitos anos de atendimento em minha clínica posso afirmar que é comum receber crianças que estão nesse processo, e que os pais sequer imaginam que seja algo tão simples de se diagnosticar e tratar, mas que causa prejuízos que podem acompanhar a criança para a vida”, conta dra.Irene Marchesan. Nesses casos, o ideal é verificar a possibilidade da cirurgia para cortar o frênulo e trabalhar de forma personalizada para cada criança na terapia, caso seja necessário, antes e após o procedimento.
Desmistificando o tratamento:
A cirurgia para o corte do frênulo não dói, na maioria das vezes não sangra e, quando feito em bebês, pode ser um procedimento ambulatorial, já levando o bebê para o peito da mãe, utilizando o leite materno como cicatrizante.
Quanto mais cedo o procedimento for feito, menores os impactos futuros na vida da criança. “Quando o tratamento é realizado em adolescentes e adultos, a fala já se caracterizou e criou-se um padrão motor cerebral que pode persistir”, explica a dra. Irene.